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28 novembro, 2011

JCG NOVEMBRO: Vaidade de Vaidades!

Eclesiastes 1:2: “Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade” (Revista e Atualizada); “Diz o sábio: Que grande ilusão! Que grande ilusão! Tudo é ilusão!” (Almeida Século 21). Temos aqui duas versões da tradução da Bíblia feita por João Ferreira de Almeida, do segundo versículo do Livro de Eclesiastes. Elas parecem tão diferentes entre si, mas apresentam o mesmo sentido de uma série de considerações que serão desenvolvidas pelo Pregador/Sábio (o Rei Salomão), ao longo do o livro de Eclesiastes, sendo o seu foco as realizações desta nossa vida presente.
Precisamos compreender o espectro de significados do termo hebraico hebel, que aparece 71 vezes no Antigo Testamento, 36 delas ao longo de todo o livro de Eclesiastes. Nota-se que este livro é um verdadeiro tratado a respeito do que seriam as vaidades, isto é, as ilusões desta vida. Hebel é traduzido literalmente como vento ou sopro, o que, dependendo da sua aplicação textual, pode conferir sentidos oriundos deste significado primordial. Hebel pode designar os falsos deuses adorados pelo povo de Deus, isto é, os ídolos (Dt 32:21; 1Rs 16:13, 26; 2Rs 17:25; Jr 2:5). Ainda, hebel pode significar sentimentos pessoais, como a percepção da brevidade da nossa vida e da inutilidade das nossas realizações particulares (Is 49:4; Jó 7:16; Sl 39:5, 6, 11; 78:33; 94:11; 144:4). Por fim, hebel possui significados muito ricos dentro do contexto do livro de Eclesiastes: a) o falso sentimento de realização e satisfação diante daquilo tudo que se produziu na vida (Ec 2:11, 19, 21, 23; 4:4, 8; 6:2); b) as incoerências presentes no conceito retributivo da vida, como a idéia de que o pecado sempre vai gerar juízo (estão aí alguns exemplos da classe política brasileira pra provar isto), ou de que a prática da justiça gera sempre livramento, porque até mesmo os justos sofrem com as calamidades, o que nos leva à ideia de que a vida transcorre sem sentido lógico, que ela está fora do nosso controle (Ec 2:15; 6:7-9; 8:10-14); c) também a ideia da brevidade da vida, de que ela é vazia e transitória (Ec 3:19; 6:12; 11:8, 10). Enfim, tudo isto configura vaidade, coisa vazia, oca e inútil.
Parece que o autor de Eclesiastes quer demonstrar a incapacidade humana de, por si mesma, gerir-se e de encontrar o sentido próprio para a vida, demonstrando a sua total e completa dependência revelacional, isto é, a necessidade primeira e última de que isto lhe seja descortinado por Aquele que tem todo o conhecimento e que imprime ordem no cosmos e sentido na história (propósito, desígnio). Toda e qualquer tentativa humana de explicar o sentido da vida e de promover realizações, torna-se infrutífera sem a intervenção de Deus. A própria filosofia, que se ocupa do ofício da busca da verdade, sabe da impossibilidade de encontrar uma verdade última e definitiva, caso contrário perde o seu objeto investigativo e a sua própria razão de ser. Cada homem de determinado contexto histórico, sociocultural e econômico realiza esta busca dentro das suas limitações internas e externas, e isto não lhe é nenhum demérito, apenas uma delimitação da sua possibilidade de ação: “Também colocou a eternidade no coração do homem; mesmo assim, ele jamais chega a compreender inteiramente o que Deus fez” (Ec 3:11). Parece que o homem contemporâneo vem perdendo o senso dos seus limites, em parte pelas incríveis inovações tecnológicas advindas da evolução científica que vencem antigos limites impostos pela falta do conhecimento e da possibilidade de manipulação. Mas este sentimento da superação de limites, do ufanismo existencial também é vaidade (vazio, oco e inútil), pois os nossos limites estão aí, por exemplo, ninguém pode acrescentar um instante à sua própria existência (MT 6:27). Mas, quando consideramos a nossa total incapacidade diante dos dilemas existenciais e admitimos a nossa completa dependência de Deus, os ânimos se aquietam e compreendemos que a vida não segue necessariamente o rumo que lhe desejamos impor e, mesmo que Deus permita as intempéries e derrotas, nisto pode estar o trampolim para uma realidade maior e melhor, uma compreensão mais honesta e real a respeito da vida. Portanto, estar prostrado diante das incertezas não se trata simplesmente de fracasso, mas da própria realidade da vida. É preocupante uma teologia que se autodenomine cristã, fazer apologia de uma vida sempre positiva, sem fracassos, de conquistas e mais conquistas, elevando o ego dos fiéis até a estratosfera, como se o viver não contemplasse também a consciência dos limites impostos (internos e externos), e a sua própria finitude: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete; pois a morte é o fim de todos os homens; que os vivos reflitam nisso em seu coração” (Ec 7:2). O autor de Eclesiastes parece seguro quanto às suas colocações e também tranquilo com a consciência de que somos impotentes diante das circunstâncias existenciais. No final das contas, o sentido da vida só pode ser alcançado em Deus: “Agora que já se disse tudo, aqui está a conclusão: Teme a Deus e obedece aos seus mandamentos; porque este é o propósito do homem. Porque Deus levará a juízo tudo o que foi feito e até tudo o que está oculto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec 12:13-14).
Diante do exposto, parecem estranhos alguns movimentos cristãos contemporâneos, como a confissão positiva, o triunfalismo evangélico, a prosperidade material e outros modismos. Muitas teologias parecem romper com o texto bíblico e encontram eco apenas na mente de seus idealizadores e seguidores, o que é um contra senso, pois a teologia sadia brota do texto bíblico como resposta aos anseios do homem do seu tempo. Muitos poderão dizer que os movimentos descritos atendem exatamente as necessidades do homem latino-americano pobre, espoliado, à margem dos processos produtivos e sem as atenções do Estado, devendo então Deus suprir todas as suas necessidades, mesmo porque Ele prometeu na Bíblia e deve cumprir com a Sua Palavra. Será esta a compreensão correta acerca da providência divina? Até que ponto tal presunção não é vaidade, crença vazia de sentido e inútil, afinal, Deus não faz o sol brilhar e também a chuva cair sobre bons e justos, sobre maus e injustos (Mt 5:45)? Qual é a diferença que existe entre o homem que serve a Deus e o que não serve? Ambos não são marcados pela mesma natureza humana caída? Ambos não foram selados com mesmos limites impostos pelo próprio Criador? Ambos não são dependentes, conscientemente ou não, dos mesmos cuidados de Deus? Ambos não sofrem as mesmas mazelas da vida, como as doenças, perseguição, injustiça ou fome? Basta olharmos honestamente para a Bíblia e com acurado senso crítico para a história da humanidade e veremos, por exemplo, profetas sendo mortos, apóstolos sendo martirizados e crentes devorados como espetáculo público por sua fidelidade incondicional a Deus. Por que, então, ficarmos pregando palavras que não refletem a realidade humana e o Deus que se revela na Bíblia? Por que acreditarmos numa teologia que coloca os evangélicos como um povo diferente e superior aos demais? Somos, afinal, alguma coisa por nós mesmos, por nossas próprias forças, ou temos nos esquecido de que o fato de estarmos neste planeta e de termos sido agraciados com a salvação são obras externas e maiores que as nossas possibilidades pessoais? Se porventura saltarmos muralhas, se calcarmos os pés num exército, se voarmos com asas como de águia, se andarmos, mesmo que sejam poucos passos, sobre as águas, tudo isto será simplesmente pela manifestação da soberana vontade de Deus e nunca apenas pelo “poder” da nossa fé. Que poder temos, afinal? Quem sabe a leitura da profunda sabedoria de Deus presente nas declarações de Eclesiastes não seja necessária para reajustarmos o foco da nossa visão cristã?


Flávio Bini Bortoloti, Pr
Bacharel em Desenho Industrial e em Teologia, pastor batista e professor de Teologia Sistemática e Latino Americana na Fateo/Bauru. Colunista da coluna Carpe diem no jcg.
flaviobinib@gmail.com






• APARTES • 



"As teologias contemporâneas são humanistas e defendem o homem, não Deus..." 


A igreja evangélica tem uma grande dificuldade em aceitar que, na totalidade das experiências humanas, tudo é vaidade. Nada foge da vacuidade ou do vazio de significado existencial. Muitas igrejas defendem a tese de que a vaidade está ligada à estética. São igrejas que abominam qualquer manifestação de cuidado com a aparência, seja ela do vestuário, do corpo ou da face. Salão de estética e academia, para muitos crentes são coisas do diabo, ou seja, pura vaidade!  Acontece que para Deus “tudo é vaidade”.  A beleza ou a feiúra, a alegria ou a tristeza, o sucesso ou o fracasso, a riqueza ou a pobreza, a saúde ou a doença, tudo é vazio de sentido. 
O sentido da vida foi perdido no Éden. O pecado de Adão e Eva desconfigurou a programação original dada à humanidade, fazendo da experiência humana um grande vazio existencial. O vazio não é uma questão social ou emocional, mas espiritual. Deus saiu de cena deixando um profundo buraco na alma humana. Quando Deus deixou o homem por causa de seu pecado, tudo se tornou pura vaidade; o crescimento tecnológico, econômico e científico, com suas implicações para a vida em sociedade, trouxe uma sensação de prosperidade, mas não de completude. A ciência ajudou na resolução de muitas epidemias, a tecnologia ampliou os conhecimentos e o capitalismo espalhou riquezas mundo afora, mas o vazio continua até Deus preenchê-lo. 
O grande problema é que as teologias contemporâneas são humanistas em seus pressupostos e defendem o homem e não Deus como centro da história.  Para essas teologias mais contemporâneas - entre elas: a Teologia da Libertação, Prosperidade e, agora, a Teologia do Teísmo Aberto - a prova da bênção de Deus está na transformação social, através da atuação do homem com Deus. Deus aparece como aquele que vai fazer melhorar a autoestima, trazer saúde, prosperidade e justiça social. Pobres teologias, vazias como a própria vida sem Deus!... 
Podemos dizer que a vaidade da vida termina quando começa imperar a vontade de Deus. Tudo é vaidade, até que tudo seja resultado da vontade de Deus no viver!

PR. SAMUEL BIASSI DO NASCIMENTO
1ª  IGREJABATISTA DE BAURU


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"Porque tudo é vaidade das vaidades!"


Iniciou-se a exaustiva corrida, longínqua, até o seu ponto de chegada. Com  subidas e descidas, estrada de espinhos, esburacada, com sol escaldante, com milhões de participantes e um sonho em comum: cruzar a linha de chegada. O cansaço é o inimigo a ser vencido, mas os participantes resistem bravamente. Nessa peleja salve-se quem puder, pouco importa os meios de conduta, não há placas  que indiquem auxílio ou benevolência, o importante é cruzar a linha de chegada, custe o que custar, mas aos vencedores isso representará: sucesso, fama, poder, dinheiro, etc...
Vale aqui lembrar o nome dessa disputa: “Corrida para glória”.
O apóstolo Pedro descreve com propriedade sobre a glória terrena, em sua primeira epístola capítulo 1:24, ¨Porque Toda a carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor¨.
Tudo que é terreno sobre a terra ficará, nada levaremos para além do sol.
Em Eclesiastes, capítulo 1: 2, o pregador relata o seguinte:
"Vaidade de vaidades! — diz o pregador, vaidade de vaidades! É tudo vaidade". 
Todo sonho e a consumação de um objetivo traçado demanda certo tempo, a que se orar, planejar e se organizar;  se não houver sacrifício as nossas pretensões serão meros sonhos. Nunca deixe de sonhar e correr em busca deles, mas acima de tudo, busque o Reino de Deus e a sua justiça e todas as coisas complementares serão alcançadas. O imediatismo e a ansiedade concorrem contra o tempo de Deus na nossa vida, o relógio do Senhor não atrasa, e nem adianta, Ele é o gestor da nossa vida e o tempo preciso de Deus concorre em nosso favor.
Irmãos, em nada vos inquietem porque tudo é vaidade de vaidades!

Pr. Rodolfo Reinato
Igreja Unidos em Cristo  - Jaú/SP


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Desfile de Vaidades!

Eclesiastes em hebraico qoheleth (1:1) significa “homem da assembleia”, a pessoa que convoca uma assembleia (Nm 10:7). O autor sagrado, fala para os filhos dos homens (1:13), portanto, fala à humanidade. Salientando a loucura e as trevas do homem natural, ele aponta o caminho para a sabedoria e para a luz do evangelho. Nele encontramos um realismo de olhos abertos que enfrenta o padrão de luz e de sombra, para depois concluir de que as coisas como um todo são vaidade (“lufada de vento”, “em vão” – 1:2), mas, paradoxalmente, tudo na vida humana deve consistir em reverência e obediência a Deus, pois a Ele, cada ser humano dará plena prestação de contas (12:13-14). Profeticamente este livro bíblico retrata com precisão a triste realidade materialista da pregação e da teologia predominante na igreja evangélica. É quando vemos cada vez mais programas evangélicos na TV sugestionando dar ofertas de R$ 900,00 para o fiel ser abençoado por Deus, e um massacre aos nossos ouvidos de pregações onde o telespectador só é abençoado por Deus e vitorioso, se tiver sucesso empresarial e financeiro. Essa é a maldita herança da Teologia da Prosperidade (explico sobre ela, em minha Apostila “A Nova Era”), também conhecida por “Confissão Positiva”.  E de fato, muitas teologias modernas romperam com o Evangelho do Reino de Deus e distorcendo o ensino bíblico puro e cristalino ensinado por Jesus e pelos Apóstolos, para ensinar uma “crença vazia, oca, de vaidades”. E o resultado? Um desfile de vaidades gospel: disputas entre pastores para comprar horários nobres nos canais de TV, jatinhos, “construções luxuosas para Deus”; “tudo é vaidade”. 
E como todo modismo, um grande número de igrejas cristãs substituíram seus cânticos e hinários, suas mensagens, para “pregar e cantar uma vida sem fracassos, de super evangélicos”, para lotar a igreja. Parece que nos esquecemos de Apocalipse 3:17-18. E está sendo formada uma geração de evangélicos vaidosa, mas incapaz de suportar uma perseguição cruel (1Pe 4:12-17), de ser fiel no sofrimento,  e na doença como Jó (1:20-22) e mesmo sendo pobre como João Batista (Mt 3:4). 
A igreja precisa fazer um “descarrego destas teologias”. Afinal “… vaidade de vaidades, tudo é vaidade”. (Ec 1:3b).

Pr. Alberto Rodrigues da Silva,
Comunidade Ev. do Reino de Deus – Agudos

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