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26 julho, 2010

JCG/JULHO: Política e Religião



Passada a Copa, as bandeirinhas verde e amarelas sumiram. O patriotismo acabou. O jeitinho brasileiro pode correr solto. Afinal, as eleições estão aí, e ninguém é de ferro. Na maior festa democrática da atualidade, com urna eletrônica e metodologias as mais sofisticadas, a constatação é que ainda vivemos na escuridão quando se trata de caráter e integridade.
O maior desafio de uma eleição não é a quantidade de votos que um candidato precisa para se eleger. O maior desafio está na capacidade dos eleitores saberem escolher seus candidatos. Recentemente, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, desembargador Nametala Machado Jorge, atestou em entrevista a uma grande revista, que "à revelia de qualquer princípio ético, os partidos políticos são os primeiros a legitimar os candidatos com ficha suja...". Sabemos que a chamada "Lei da Ficha Limpa" tem a finalidade de impedir que pessoas que tenham sido condenadas em processos ou tenham renunciado ao mandato para evitar cassação, possam concorrer. Então, está em nossas mãos a escolha. No entanto, a grande maioria dos eleitores ainda se deixa levar por mecanismos espúrios usados por candidatos na tentativa de captar os votos necessários. E infelizmente isso também ocorre entre aqueles que se identificam como evangélicos. E pior ainda, com a complacência e adesão escancarada de pastores que "vendem" os votos de suas ovelhas, manipulando a consciência dos fiéis, na intenção de, com isso, conseguir alguns privilégios, sejam de latas de tinta, tijolos, ajuda para algum evento da Igreja, etc.
O que cada eleitor precisa ter em mente é que o voto é livre, intransferível e inegociável. Ninguém tem o direito de trocar seu voto por qualquer que seja o benefício, e nem aceitar votar em alguém diferente da sua escolha pessoal, apenas para agradar seu líder. É melhor escolher segundo sua capacidade de interpretar o que é bom para a cidade e o país, do que no futuro sentir-se traído e manipulado. Ninguém deve se sentir na obrigação de votar em um candidato pelo simples fato dele se confessar cristão evangélico. Antes disso, observe se os candidatos, ditos cristãos, são pessoas realmente íntegras, lúcidas e comprometidas com as causas da justiça e da verdade. Aliás, há algumas questões importantes a se observar. Alguns princípios práticos devem ser levados em consideração. Em primeiro lugar, o candidato é realmente cristão? Seu comportamento é compatível com o Evangelho de Cristo? Ele tem posições firmes em defesa dos valores cristãos, da família, da santidade? Ele está comprometido em alguma Igreja local? Quem é o seu Pastor? A quem ele presta contas? Em Segundo lugar, ele está comprometido com a cidade? Há muitos candidatos que só aparecem na cidade quando há eleições – não amam a cidade, interessam-se apenas nos votos de seus moradores. Seriam essas eleições uma excelente oportunidade de valorizarmos nossa cidade elegendo pessoas que amam esse "chão de passagem" e desejam realmente lutar por ele. Em terceiro lugar, o candidato já produziu algo de significativo em favor da cidade, em favor da justiça e da verdade? Em que atividades em favor dos mais necessitados ele se envolveu nos últimos anos? Quem nunca trabalhou antes pela cidade e nação, promovendo a justiça e a verdade, não será através de cargo público que o fará. Em quarto lugar, o candidato se enquadra na "ficha suja"? Em outras palavras, como foi o passado dele? Já foi processado, ou é acusado de algum crime? Quem não conseguiu manter sua vida limpa até aqui, dificilmente o conseguirá ao se envolver nesse meio, hoje tão corrompido, que é a política. Muitos desconhecem o fato de que é possível investigar o passado de cada candidato. O próprio Tribunal Superior Eleitoral disponibiliza a lista dos candidatos e sua vida pregressa.
Infelizmente vivemos num tempo em que o jeitinho brasileiro é considerado uma virtude. E o exemplo tem sido mostrado a partir dos mais altos escalões. Nosso mandatário maior já foi multado cinco vezes por burlar flagrantemente a lei eleitoral – e tal fato tem sido encarado com naturalidade por ele e pelo povo em geral. Na verdade, muitos políticos desprezam a justiça, pois sabem três coisas: (1) daqui a uns meses todos terão esquecido suas malandragens eleitoreiras; (2) nossa legislação torna a justiça morosa, o que faz com que muitos processos prescrevam e não cheguem a promover a punição a quem merece, e (3) nada como um bom marketing para mostrar uma imagem atraente que iluda o eleitor. Portanto, procure não se deixar influenciar pelo marketing da campanha política. O sistema político, assim como os de comunicação e de marketing estão corrompidos e farão de tudo para que você aceite a imagem de um candidato que não é verdadeira. Então, não se deixe levar pelo calor das disputas e propagandas políticas. Ore e dependa somente de Deus para tomar suas decisões.
Diante de tudo o que temos visto, precisamos orar ardentemente por um avivamento. Não tanto o avivamento que tem como marca apenas barulho, mas aquele que traz consigo a essência do Evangelho. Precisamos urgentemente de um avivamento que produza um choque de integridade – e que comece pela Igreja. Então veremos homens íntegros ocupando cargos de relevância, sem se deixar corromper. Veremos governos justos, promovendo a verdade e a justiça. Veremos homens nos cargos, mas Deus no governo.


Pr. Edson Valentim
Pastor Presidente do CONPEV - Conselho de Pastores Evangélicos de Bauru.




• APARTES •

"É de suma importância a participação de
cristãos comprometidos na vida pública"

Muito se ouve falar da participação ou não de evangélicos na vida pública.
Desde que Deus me salvou, minha preocupação constante sempre foi, e continua sendo, ganhar mais almas para Jesus.
Assim, durante muitos anos, trabalhei evangelizando em hospitais, cadeias, penitenciárias, praças, ruas e em lares da nossa sociedade —, onde fosse da vontade de Deus.
Certo vez, o irmão pastor Abílio P. Chagas, não só me inscreveu no partido em que ele militava (ARENA) como também, lançou meu nome à vereança de Bauru e para minha surpresa —, pleito na qual fui eleito.
Como servo de Deus, na Câmara meus princípios não mudaram, continuei Fiel, e trabalhei durante anos em prol da cidade, sendo autor de vários projetos que beneficiaram a cidade e a comunidade evangélica.
Naquela época, já era comum as pessoas dizerem que quem entrava na política era corrompido ou se corrompia. No entanto, como homem público e Cristão, acima de tudo, meu compromisso continuou sendo com o Deus verdadeiro.
O fato é que encontraremos nas Escrituras Sagradas, outros grandes exemplos de homens fieis a Deus e que se tornaram importantes no contexto político social.
Entre eles posso citar José, Instituído Primeiro Ministro (da Fazenda) no Egito; José de Arimatéia ilustre membro do Sinédrio (Senado), homem rico, que também esperava no Reino de Deus — entre outros, todos homens de Deus, que trabalhavam pelo povo da época e deram sempre um bom testemunho — não se contaminando com as iguarias do rei.
Portanto, defendo, que é de suma importância a participação de cristãos comprometidos com a Palavra de Deus na vida pública, isso em todas as esferas: Municipal Estadual e Federal.

Pastor Walter Lelo Rodrigues - Igreja Manancial de Sião/Bauru
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"A igreja sim, está chamada a
solidarizar-se com as lutas humanas"
Recém chegamos da Itália onde estivemos debatendo assunto como este na AFI (Apostolic Fellowship International). Do que falamos e ouvimos podemos destacar:
– A essência da política é a busca do bem comum. Deve pôr limites aos interesses individuais em prol do bem estar coletivo. A exacerbação das liberdades individuais em nossa sociedade pós-moderna se faz a custa do bem coletivo, é o que acabamos de assistir com a aprovação do casamento-gay pelo Senado argentino, com apoio da presidente, sufocando a voz dos cristãos, católicos e evangélicos, de todo o país! Não é à-toa que a nação argentina, que já foi expoente na América Latina, se encontre hoje na situação em que está!
A lei Argentina seria inócua no Brasil: a Constituição brasileira (art.226) e o Código Civil só reconhecem “a união estável entre o homem e a mulher”, como aliás foram criados por Deus..
A sociedade atual questiona a política, seus atores e todo o relacionamento com ela. Como a política com suas instituições, têm como fim principal dar segurança, e as instituições políticas hoje são impotentes para oferecer segurança, certezas e proteção, produz uma inapetência generalizada pela política.
O descrédito e as suspeitas sobre a classe política são muito grandes. “Os políticos são incapazes... Já não têm um programa... Seu único objetivo é seguir no poder”, expressa o filósofo greco-francês, Cornelius Castoriadis.
Diante disso, a presença dinâmica do Reino de Deus em todos os aspectos da realidade histórica, afeta não só o indivíduo, mas também as esferas social, econômica, cultural e política. O cristão tem a vocação de responsabilizar-se pelo que passa na sociedade. Ele é membro de uma comunidade de pessoas que se preocupam pelo bem comum da sociedade.
Como diz Carlos Mraida, teólogo argentino, a igreja como corpo em uma cidade ou nação não está chamada a elaborar propostas políticas partidárias específicas, nem a identificar-se com nenhum sistema de organização social, nem a formar partidos políticos. A igreja sim está chamada a solidarizar-se com as lutas humanas para superar a opressão, a miséria, a ignorância, etc. Por isso, a igreja tem um caráter profético que a leva a denunciar os sistemas injustos e a colaborar na construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
A igreja como luz do mundo e sal da terra deve cumprir sua tarefa didática em duas direções: Diante da sociedade, ensinando os princípios e valores do Reino de Deus, de maneira que fique bem definido o que é bom e o que é mau. E diante de seus membros a fim de levantar líderes com vocação, inclusive para a política.
A igreja não pode participar na política partidária, mas deve reconhecer aqueles membros que têm um chamado de Deus para desenvolver sua vocação no serviço de transformação no âmbito da política. A política não é alheia ao nosso compromisso com o Reino de Deus. Por isso devemos fomentar, apoiar, e orar pelos que têm vocação de liderança política..
A política tradicional é um meio para se servir das pessoas, mas a política do ponto de vista de um cristão é um meio para servir e não para se servir. O objetivo de um cristão não é alcançar o poder com vistas a consolidar seus próprios interesses, senão ocupar uma posição de serviço orientado ao bem comum. Lamentavelmente a experiência dos políticos evangélicos, não tem sido, em geral, muito diferente dos outros políticos!
Jesus instruiu a seus discípulos dizendo-lhes: “Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mat. 20:25~28).
As boas intenções não são suficientes. É necessário ter também capacidade para assumir autoridade. E isso exige primeiramente estar sujeito à autoridade. O fato de sermos cristãos não nos habilita automaticamente como bons dirigentes. É preciso pagar o preço da preparação do discipulado para estar apto a enfrentar a complexidade dos problemas que acometem nossa sociedade. Políticos improvisados podem ser motivo de frustrações penosas e de descrédito para a causa de Deus. Martinho Lutero disse que preferia ser governado por um turco competente que por um cristão incompetente. Que muitos da classe dirigente atual sejam não só corruptos, senão incapazes, não é desculpa para nós. Pelo contrário, deve impulsionar-nos a ser diferentes, a ser melhores,
James Granfell (Oxford University, Inglaterra) considera que a participação dos evangélicos no governo não tem rendido os frutos esperados e sua participação para o futuro é pouco alentadora. Por isso é preciso que os que têm vocação de liderança se capacitem, busquem a excelência e ganhem em experiência. Eles têm que se tornar em agentes de transformação da atual realidade.

Pr. ABÍLIO CHAGAS - COMUNICAÇÃO E MISSÃO CRISTÃ / BAURU
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"A igreja não pode mais aceitar
candidatos que se dizem cristãos"

Em minha opinião, o púlpito não pode se transformar em palanque eleitoral, mas pode eventualmente, ser cedido para que algum candidato possa expor suas ideias e projetos —, desde que seja íntegro, que tenha padrões éticos e morais comprovados e o mais importante —, que viva os princípios básicos da fé cristã. Porém, a igreja não deve apoiar um candidato apenas por interesses particulares para obter vantagens ou favores.
A função de um político é trabalhar em prol de toda a sociedade, atendendo as necessidades de todos, e não apenas o interesse de uma instituição ou denominação. Entretanto, um membro ou alguém que seja ligado à igreja e que peça o apoio do pastor para divulgar a sua candidatura, de modo algum, deve impor ou usar de apelos emocionais que tirem a liberdade que cada membro tem de escolher o seu próprio candidato. Se houver algum apelo em favor de um candidato, que seja pelos valores morais e ideológicos que ele possa ter, e não pelas vantagens que ele venha oferecer àquela congregação.
A igreja precisa vigiar! Muitas vezes, tem se envolvido de forma irresponsável sem respeitar estes limites, caindo em descrédito e comprometendo assim os seus valores e, sua principal função, que é ser luz para este mundo, através do bom testemunho, comprometida com a justiça, a verdade e a santidade.
As pessoas já estão cansadas e indignadas com tanta corrupção, e a igreja não pode mais aceitar esta situação, apoiando candidatos que se dizem cristãos, mas na verdade estão na política apenas por interesses pessoais, que usam de meios ilícitos para enriquecer, e se envolvem em escândalos que viram manchete nacional. Chega Igreja! Vamos dar a nossa parcela de contribuição para moralizar este País.

Pr. Junior Leme - Comunidade Cristã Monte Santo/Bauru
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"Nestas eleições procure entre
seus irmãos quem tenha qualificações"

Houve um momento na vida do povo de Israel, que este se sentiu no desejo de buscar um rei à semelhança das demais nações. Deus naquele momento (podemos dizer), que se sentiu rejeitado. É óbvio que Deus não tem o mesmo sentir que nós —, não têm complexos ou sentimentos de rejeição. Expressamos assim para exemplificar o fato de Deus ter escolhido ele mesmo como Rei de Israel, mas Israel, o deixou de lado optando por um rei humano e falho. No entanto, diante do desejo do povo, Deus sabiamente colocou homens sobre seu povo - assim, a política no ambiente do povo de Deus começou. Ele ordenou que os homens escolhidos tivessem algumas características, ou melhor, qualidades: honestidade, o desapego às coisas materiais, caráter ilibado e que não fossem estrangeiros. O escolhido deveria estar envolvido diretamente com as necessidades daqueles que ele iria governar e isso nos demonstra claramente, uma orientação de Deus a partir dessa experiência com o povo de Israel. Nessas eleições, devemos procurar um candidato que conheça os problemas, as necessidades e que viva o dia a dia e a mesma vida que você, alguém que conheça a cidade, suas lutas e potenciais. Creio que somente assim, poderemos ter a segurança de que, uma vez eleito, o candidato levará suas necessidades e pleitos ao governo, através de projetos viáveis — sem promessas falsas — apresentando planos, projetos e ideias em benefício de todos.
Nestas eleições procure entre seus irmãos quem tenha as qualificações. Não olhe a aparência, pois pela aparência foi escolhido Saul e pelo coração de Deus foi escolhido Davi. Mesmo quando Samuel foi à casa de Jessé para a escolha do novo rei, o profeta primeiro escolheu o filho mais velho, pois além de primogênito, era de boa aparência. Mas Deus falou claramente ao coração de Samuel: não se engane com a aparência, pois Deus não vê como o homem vê. O homem vê a aparência, mas Deus vê o coração. Portanto, meu amado irmão, ore muito e busque o escolhido segundo o padrão de Deus e não segundo a aparência da propaganda eleitoral.

Pr. Luis Carlos Martinez – Vice Presidente da UP - União Pastoral/bauru

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