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22 maio, 2009

JCG/MAIO: Avivamento!?


O crescimento evangélico segundo pesquisas do IBGE no Brasil, tem sido muito expressivo. Para se ter uma ideia, na década de 40 éramos 2,6% da população, ou seja, pouco mais de um milhão; já nos anos oitenta 6,6%, em 1991 cerca de 9%, saltando no ano 2000 para 15,4% da população, ou seja, mais de 26 milhões de evangélicos no país. Segundo os dados do Censo 2000, enquanto a taxa de crescimento da população entre 1991 e 2000 foi de 1,63%, a taxa de crescimento evangélico no Brasil foi de 7,43% - 1. Estima-se que antes desta década findar, ultrapasse a marca de vinte por cento da população brasileira que, segundo projeções, contará com mais de 194 milhões de habitantes - dados de encher os olhos e trazer satisfação ao coração. Mas, antes de "soltar fogos" pergunte-se: Qual será o nível espiritual do povo evangélico brasileiro hoje? Tem o mesmo nível de comprometimento com o Reino do Senhor Jesus como antes? Busca prioritariamente os interesses do Reino? Esse crescimento é fruto de um verdadeiro avivamento? Essas são perguntas complexas e, difíceis de responder. Respondê-las, de certo modo, faz-se aferição, juízo. Porém, o Senhor Jesus mesmo foi quem disse que "... cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto" (Lc 6:44a).
Mas antes vamos definir Avivamento. Segundo a definição do Dr. Martin Lloyd-Jones2, avivamento é uma experiência na vida da Igreja, quando o Espírito Santo realiza uma obra incomum. Ele a realiza, primeiramente, entre os membros da Igreja; é um reviver dos crentes. Não se pode reviver algo que nunca teve vida; assim, por definição, o avivamento é primeiramente uma vivificação, um revigoramento, um despertamento de membros de igreja que se acham letárgicos, dormentes, quase moribundos... Eles são levados a humilhar-se, e ficam convencidos de pecado e cheios de temor por si mesmos. Muitos deles acham que nunca tinham sido cristãos... Novo poder entra na pregação dos ministros, e o resultado disso é que muitos que estavam fora da Igreja são convertidos e ingressam nela.
Grandes avivamentos já ocorreram, como o verificado no século XVIII com Jonathan Edwards, David Brainerd, George Whitefield, John e Charles Wesley; no século XIX com Charles G. Finney, Dwight L. Moody, William Booth, J. Hudson Taylor e William Chalmers Burns. O avivamento do século XX, que deu início ao movimento pentecostal moderno, em Los Angeles, Califórnia, EUA, na Missão da Rua Azuza. Nesse avivamento figuram nomes como os de Charles Fox Parham, William Seymour, E. N. Bell (fundador da Assembléia de Deus dos EUA), Daniel Berg (fundador da Assembléia de Deus no Brasil), Luigi Francescon (fundador da Congregação Cristã no Brasil) e Aimeé Semple MacPherson (fundadora da IEQ).
Quando se estuda esses avivamentos faz-se presente, sempre, essas duas características indicadas pelo Dr. Lloyd-Jones: este extraordinário revigoramento dos membros da Igreja e, segundo, a conversão de multidões que até então estiveram fora dela na indiferença e no pecado. 3Lê-se de multidões abandonando seus velhos hábitos, e dando prioridade às obras de Deus, o que, por conseguinte, promovia uma transformação social na região. Mas a pergunta que não quer calar é: O surgimento de novas denominações e o afluxo de multidões – sinal de avivamento?
A partir da segunda metade do século XX, aqui no Brasil, teve início o surgimento de uma gama de novas denominações, bem como um número crescente de pessoas afluírem para as igrejas. Será que isso denota que um novo mover do Espírito está acontecendo?
Bem, esta é uma das características, mas será que o despertamento dos crentes, assim como a indiferença e o pecado estão sendo deixados para trás? Será que conseguimos vislumbrar algo parecido com o do avivamento inicial de Atos 2:41-44? Quando se faz a análise desse crescimento, deve-se levar em conta que, no mesmo período, o número de programas evangélicos nas emissoras de TV também cresceu. Por sua vez, a mensagem transmitida, quer nos programas televisivos quer nos templos, tem muito que ver com a motivação pela qual multidões têm convergido às igrejas. É notório que seu conteúdo gira em torno de cura, libertação, prosperidade, solução de problemas, etc. Denominações históricas têm assentido a essa mensagem e promovido campanhas de libertação e prosperidade.
Entendo que isso não seja errado em si mesmo. Evangelho significa boas novas; é certo que a pregação apresente uma mensagem libertadora e abençoadora. O ministério de Jesus Cristo, quando aqui esteve, foi caracterizado por abençoar, curar e suprir as necessidades do povo, o que possibilitou na convergência de multidões ao seu redor. Porém, a sua mensagem não girava apenas em torno disso, pois o seu objetivo era formar um povo que adore a Deus em espírito e verdade (João 4:23), que ore e anseie por ver o Reino de Deus estabelecido na terra (Lc.12:1). Um povo que "negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me" (Lc. 9:23), que tenha como prioridade buscar "... primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt. 6:33). Porém, apesar desse crescimento, o que se vê é um povo que vai ao culto apenas para buscar uma benção e não ser uma benção. Que deseja que o Senhor lhes sirva com Suas incontáveis bençãos, mas que, ao mesmo tempo não querem abrir mãos de seus pensamentos e caminhos. Os cultos e reuniões estão cheios, mas o mesmo não acontece com a Escola Bíblica (a doutrina dos apóstolos) – algumas denominações nem sequer possuem esse departamento. Eis o motivo de em nossos dias ocorrer uma rotatividade tão grande de membros nas igrejas. Eles não querem ser servos, negar o seu ego — já que não existe uma vida piedosa sem doutrina. Como meninos mimados, ao existirem conflitos interpessoais preferem pular para outra igreja a exercer o amor e o perdão. Isso demonstra a busca dos próprios interesses e que não existe a renúncia do eu. O verdadeiro avivamento não é caracterizado apenas pela ocorrência do crescimento numérico, de batismos de poder, curas, milagres e libertações. Apegado a esse mover, acontece o desejo intenso de se conhecer mais a Deus através da Palavra, a busca de santidade, comunhão com Deus através da oração e comunhão com os irmãos através do exercício do fruto do Espírito - amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl.5:22,23). Entretanto, o que caracteriza a Igreja destes dias é a complacência com as práticas e hábitos mundanos.
Vivemos uma Igreja avivada ou uma Igreja morna? Segundo a interpretação de boa parte dos teólogos acerca das cartas às sete igrejas da Ásia (Ap. 2-3), Laodicéia, a última igreja citada pelo Senhor, representa, histórica e profeticamente, a igreja do tempo do fim. Conforme interpretam, esse período tem início em meados do século XX e vai até a vinda do Senhor. Será essa uma coincidência? Jesus diz acerca dela: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. (Ap. 3:15,16). Historicamente, estudiosos supõem que a igreja em Laodicéia participava do culto ao imperador, em que imperadores romanos eram adorados como deuses. Diziam que não o fazia de coração, mas que era só mera formalidade, e assim participavam amplamente da riqueza da cidade. Assim, nem eram quentes e nem frios. Tais cristãos não são frios à mensagem cristã, isto é, não a rejeitam total e obviamente. Mas também não são quentes, pois não agem decisivamente, de acordo com a mensagem cristã.
A Igreja do Senhor Jesus é composta de cada indivíduo que, um dia, rendeu sua vida a Ele. Dito isso, ao voltar os olhos para a palavra profética ao mesmo tempo em que se visualiza a igreja dos dias atuais, pergunte-se: onde estou inserido nesse contexto? A Igreja que o Senhor Jesus levará para Si, que será arrebatada, é a "igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível", a qual foi santificada e purificada pela Palavra (Gl. 5:26,27). Entendem os mesmos estudiosos bíblicos que concomitantemente com a Igreja de Laodicéia haverá o remanescente da Igreja de Filadélfia, que guarda a Palavra, não nega o Seu nome, perseveram e são fiéis. Sugerem que, em meio a todo esse movimento laodicense o Senhor derramará do Seu Espírito para promover um novo despertamento, um último avivamento antes que venha o Grande e Terrível Dia do Senhor.
Sinceramente, creio que acontecerá um último e grande avivamento, e espero que cada leitor possa fazer parte desse remanescente fiel.


Rev. José Jerônimo Dantas Neto
Igreja do Evangelho Quadrangular
Cosmos 2, Rio de Janeiro - RJ

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